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Coluna Marcelo Moryan: O preço vergonhoso do seu like
Por Marcelo Moryan
Publicado em 17 de agosto de 2025 às 18:00
Atualizado em 17 de agosto de 2025 às 18:00
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Você clicaria se não houvesse insinuação? Você anunciaria ali se não convertesse? Chamaria de “conteúdo” um vídeo que mira adolescentes? Se mexe, é porque reconhecemos a engrenagem.
A adultização vem mascarada de todas as formas. Vitrines encolhem vestidos adultos para corpos infantis; “trends” treinam coreografias insinuantes; publicidade brinca de esconder rótulo. A roupa não é vilã — é sintoma. O problema é o olhar que erotiza e a câmera que monetiza.
Na Paraíba, o Ministério Público investiga Hytalo Santos: segundo o G1, famílias teriam recebido celulares e mensalidades para emancipar adolescentes e colocá-los em vídeos de “namoros” e danças sexuais. Não é exceção — é método.
A cumplicidade que começa em casa
Há um elo ainda mais perturbador: a família que vende. Não é raro a exploração começa na sala de casa, com pais que veem nos filhos como sua “tele $ena”. O caso paraibano expõe famílias que aceitaram pagamentos em troca de colocar adolescentes em exposição sexual. Não são vítimas — são cúmplices ativos.
Quantos “influencers mirins” têm pais que calculam visualizações como moedas? A proteção que deveria vir de casa se transforma em exploração doméstica.
O funil cínico funciona assim: curiosidade vira audiência; audiência vira dinheiro; dinheiro compra silêncio. Aplaudimos com um “clique” enquanto plataformas transformam vulnerabilidade em KPI (indicadores de performance comercial).
Soluções concretas
Quer interromper? Multas que mordam o faturamento, desmonetização imediata, verificação etária auditável, criminalização da exploração familiar e educação midiática nas escolas.
O espelho
Infância não é mercado. Se o seu negócio precisa erotizar adolescentes para crescer, isso não é entretenimento — é exploração com filtro bonito. E se a sua família precisa expor filhos para sobreviver, isso não é oportunidade — é abandono de proteção.
A pergunta final: até onde vai — e quem paga — o preço vergonhoso do seu like? A mudança começa quando paramos de fingir que não vemos a engrenagem funcionando — inclusive dentro de casa.
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As informações e/ou opiniões contidas neste artigo são de cunho pessoal e de responsabilidade do autor; além disso, não refletem, necessariamente, os posicionamentos do folhaonline.es
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