Anúncio

A História de Guarapari: revolta de escravos e criação de uma república negra

Por Redacão Folha Vitória

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 15:25

Anúncio

A História de Guarapari é rica em acontecimentos e fartamente comprovada através de documentos históricos, mas pouco conhecida e menos ainda ensinada nas escolas. Acontecimentos como a revolta dos escravos das fazendas da região, que criaram a “República Negra”, e deu origem a várias comunidades que ainda hoje existem na cidade, são pouco divulgados para o grande público.

Para fazer esta reportagem, o folhaonline.es conversou com um historiador e profundo conhecedor da história da cidade, José Amaral, e consultou também trabalhos científicos que se basearam em documentos históricos. Isto tudo para fazer um breve resumo dos acontecimentos que fazem parte do que é a Guarapari de nossos dias.

A revolta dos escravos e criação da República Negra

Guarapari é elevado à condição de vila em 1679 pelo último donatário do Espírito Santo, Francisco Gil de Araújo e depois disso, pouca coisa relevante aconteceu até meados do Século 18.

Nesta época (1750), Guarapari se resumia à pequena vila que ficava onde hoje é o Centro e duas grandes fazendas. Uma que ia do local que passou a ser chamada de Machinda (em referência, anos depois à “Machine” ou Máquina, local onde ficava a máquina que moía a cana de açúcar) até a Pedra da Risca, chamada de Engenho Velho, e outra que ia de Perocão até onde hoje fica o Posto Tigrão, na BR-101, chamada de Fazenda do Campo.

SAM 7153 Medium - A História de Guarapari: revolta de escravos e criação de uma república negra

Uma das fazendas que existiam em Guarapari na época da rebelião dos escravos ficava em perocão. Foto: João Thomazelli/folhaonline.es

O proprietário destas duas fazendas era um homem muito rico, que a certa altura da vida recebeu o título de padre, Antônio de Siqueira Quental boa parte da vida em Guarapari. As suas fazendas correspondiam à dois terços do território total da vila e só ele possuía mais de mil escravos nestas duas propriedades.

Com a morte de Quental, os escravos da Fazenda Engenho Velho se rebelaram e foram seguidos pelos da Fazenda do Campo. Um padre da cidade entrou em contato com os filhos do fazendeiro morto, que viviam em Portugal. Ele chegou a se apresentar na fazendo como novo administrador, mas foi morto pelos escravos rebelados.

Estes passaram a viver nas imediações das fazendas e muitos se refugiaram na região de montanhas da cidade e deram origem a comunidades como a de Alto Iguápe e provavelmente Alto Rio Calçado.

A referência a uma República Negra criada a partir destas revoltas é feita por um príncipe holandês que passou por estas bandas pouco depois da revolta.

Um artigo sobre o caso foi apresentado por Vânia Maria Losada Moreira, da Ufes, no XXIV Simpósio Nacional de História, São Leopoldo, RS, Seminário Temático Os Índios na História: Fontes e Problemas, de 15 a 20 de julho de 2007.

Moreira cita o príncipe austríaco Maximiliano Wied-Neuwied, que percorreu aquelas paragens entre os anos 1815 e 1817. Ela faz referência ao que foi escrito pelo príncipe:

“[…] armaram-se e formaram, nessas florestas, uma república negra, que não foi fácil submeter. Tomaram posse da ‘fazenda’, viviam livres sem trabalhar muito e caçavam nas florestas. Ao mesmo tempo, os escravos da ‘fazenda’ Engenho Velho também se libertaram, e uma companhia de soldados nada pôde contra eles. Esses negros se ocupam, sobretudo, em colher alguns dos principais produtos das matas […]. (1940: 136)

E continua:

“Os rebeldes negros das duas ‘fazendas’ acima referidas [Fazenda do Campo e Engenho Velho] recebem os forasteiros de maneira amigável e, nesse particular, são muito diferentes dos escravos negros fugidos de Minas Gerais e outros lugares, que são chamados, devido às suas aldeias nas florestas, ‘quilombos’, ‘gaiambolas’. Atacam estes os viajantes, saqueiam e muitas vezes matam. (1940: 136-137).

Casos como estes, são de pouco conhecimento popular e deveriam entrar para a grade do ensino público da cidade, como forma de valorizar a cultura local e criar uma identidade comum. Fica a dica para os nossos administradores.

É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem prévia autorização do FolhaOnline.es.

Tags:

Anúncio

Anúncio

Veja também

Design sem nome (4)

Meninos de Guarapari são selecionados para teste de futebol no Flamengo

Os familiares das crianças pedem ajuda para arcar com as despesas no Rio de Janeiro

Image (9)

Sicoob Sul Litorâneo realiza ações transformadoras de Educação Financeira durante a Global Money Week

Cooperativa financeira conseguiu impactar mais de 500 pessoas nos municípios de atuação

Anúncio

Anúncio

a4af04de-92c7-4662-a358-bce459dcda7c

PRF inicia nesta quinta-feira (28) no ES a Operação Semana Santa 2024

Durante quatro dias a PRF reforçará o policiamento nas rodovias federais com o objetivo de reduzir a violência no trânsito

vacina-gripe-2024

Guarapari dá início à vacinação contra a gripe

Semsa também vai promover ação de Dia D no dia 11 de abril

Anúncio

Renato-Meloti-Filipe-Rigoni-Renato-Lorencini-e-Bruno-Resende

Renato Lorencini se filia ao União Brasil para concorrer à Prefeitura de Anchieta

Filiação aconteceu na sede do partido em Vitória

alfredo-chaves-chuvas-mar24

Prefeitura de Alfredo Chaves trabalha no atendimento às famílias após fortes chuvas

Serviços estão focados em melhorar o acesso nas regiões castigadas pelas chuvas e no cadastro de pessoas atingidas

Anúncio