Adolescente vende bombons no semáforo para pagar festa de 15 anos

Se perguntarmos para um adolescente de 14 anos qual é o sonho de consumo dele, provavelmente vai ouvir como resposta o desejo de um celular de última geração ou uma viajem para algum lugar badalado. Para as meninas a resposta, muito provavelmente será parecida, mas para a estudante Mayane da Silva Lemos a resposta é certa: uma festa de 15 anos.

Mayane começou a planejar a festa de 15 anos ainda com 13 e agora, aos 14, vende bombons para conseguir pagar e realizar o sonho. Foto: João Thomazelli/folhaonline.es

Desde os 13 anos Mayane pensa em como realizar o sonho. Com os pais desempregados, as condições para a realização do sonho não são favoráveis, mas no fim do ano passado, ainda com 13 anos ela decidiu que tinha que pensar a longo prazo e em janeiro deste ano botou a mão na massa e foi para as ruas do Centro de Guarapari para vender bombons.

As guloseimas são fabricadas com a ajuda da mãe à noite, já que de manhã a adolescente vai para a escola e de tarde está nas ruas vendendo.“Há muito tempo que eu tenho esta vontade de ter uma festa quando fizer 15 anos. É também uma forma de eu realizar um sonho de minha mãe. Como não temos condições para pagar de vez uma festa, decidi começar a vender os bombons e ir juntando o dinheiro”, conta a vendedora mirim.

Disposição não falta para ela e nem tino comercial. Depois de caminhar pelas ruas do Centro vendendo os bombons para os clientes habituas, ela e o fiel ajudante Gleidson Almeida 16 anos, vão para um semáforo e tentam vender os que sobraram. “Nós recebemos muitos não, mas eu não desanimo. Eu sei o que estou fazendo aqui. Qual é o objetivo, então eu não desisto”, dispara a adolescente.

A mãe de Mayane, Maiara da silva Oliveira, 35 anos, sente orgulho da dedicação da filha, mas também se preocupa. Enquanto a reportagem do folhaonline.es conversava com a filha no semáforo, ela passou de ônibus e viu a cena. Imediatamente pegou o telefone e ligou para ver se estava tudo bem. “Eu fico apreensiva e quando vi um homem conversando com ela já liguei para saber do que se tratava”, explica.

Mayara conta que teve uma infância e adolescência muito humilde e agora com ela e o marido desempregados, não poderia dar à filha a festa que nunca teve.

Mayane oferece os bombons sempre com um sorriso, mesmo quando não vende. Foto: João Thomazelli/folhaonline.es

“Ela está fazendo isso para realizar um sonho meu também. Já entrei em contato com o Conselho Tutelar para explicar porque ela está vendendo os bombons na rua para não ter problema com isso. Ela vai para a escola todos os dias e só depois é que sai para vender. Eu ajudo fabricando os bombons e de noite quando ela volta me ajuda”, explicou a mãe.

Mayane não tem expectativas quanto ao tamanho da festa, desde que ela aconteça. “Nós vamos fazer do tamanho que der. Estamos juntando o que estou conseguindo e comprando algumas coisas e guardando”, disse entre uma abertura de semáforo e outra. A vendedora faz aniversário ainda no ano que vem, no dia 06 de março, mas já tem até a data da festa marcada: dia 11 de março. Até lá, ela continua a rotina de estudos, vendas e sonhos diários.