Coluna Dom Antônio: Minha última coluna reflete bem o momento que estamos vivendo

Tudo tem começo, meio e fim. Como quase sempre, o início é de esperança por algo melhor. No meio estão as lutas, realizações e algumas frustrações. Aí só nos resta imaginar como será o fim.

A vida inteira estive envolvido com publicações. Fui diretor de um jornal, de três revistas, tive 380 artigos publicados, dos quais mais de cem no exterior. Quarenta e sete livros meus foram editados, três em espanhol. Vários tiveram duas ou três edições, um teve cinco e outro sete.

Nos últimos dois anos, tenho tido diversos problemas de saúde, que me levaram a algumas cirurgias: hérnia inguinal, colocação de três safenas, mamária, traqueostomia e marca passo. Tudo isso tem me forçado a interrupções na Coluna Dom Antônio.

Dei azar por que algumas cirurgias me deixaram 30 e 55 dias na UTI, sem poder usar computador nem celular. Por conta disso, no último ano perdi um pouco o pique de escrever e andei pensando em parar, como aconteceu quando parei de ministrar, depois de ter dado 640 cursos e palestras, quase 100 no exterior.

Para complicar, tenho insuficiência renal, que me leva a fazer hemodiálise segundas, quartas e sextas, quatro horas por dia, sem poder sair da máquina, durante este período.

Estou com 74 anos e a audição um pouco deficiente, ficando praticamente só a leitura como fonte de informação. Ainda bem que sou leitor inverterado. Com isso acompanho bem o que acontece no Brasil e razoavelmente pelo mundo.

Minha outra paixão, o futebol, também tem me trazido decepções, quer na seleção principal, na feminina, na sub 23, sub 20 e sub 17. Perdemos todas as competições que participamos nos últimos dez anos.

Mas o golpe desmotivacional, que levou -me à decisão, foi algo muito mais grave que aconteceu com nosso país, nesta semana e que mudará a imagem do Brasil.

Semana passada o mundo assistiu estarrecido um ex- Presidente da República, obrigado a assinar uma intimação para responder a um processo, não se sabe bem por qual motivo.

Isto depois de ter passado por doze horas de cirurgia por conta de umas facadas, que sem pressa até hoje ainda não ficaram claras. Qual a necessidade de fazer isso com tanta urgência?

Nossa imagem de democracia saiu chamuscada, perante a opinião pública mundial e seremos exemplo de como as coisas não devem ser.

Perdi boa parte do orgulho de dizer que sou brasileiro. Na motivação pelo nosso país. Cansei!

Em outros países seria motivo suficiente para uma revolução ou guerra civil

Obrigado pela leitura de mais de 500 colunas sobre Guarapari, em pouco mais de cinco anos.

Foi um privilégio!

*Antônio Ribeiro é Administrador pelo Mackenzie – SP, Técnicas de Vendas pela ADVB – SP, Especialista em Marketing pela PUC – PR, MBA pela FGV, Mestrado em Portugal e Doutorado na Espanha.