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Coluna Marcelo Moryan: Pense ou seja PENSADO e esmagado
Por Marcelo Moryan
Publicado em 7 de setembro de 2025 às 18:00
Atualizado em 7 de setembro de 2025 às 18:00
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Desconstruímos tudo. Vamos dormir no entulho? A era da IA só tornou escandalosamente claro o óbvio: a habilidade número 1 continua sendo a mais antiga — pensar. Não é um curso milagroso, não é um atalho técnico, não é mais uma promessa de vídeo de três minutos. É pensamento crítico, com método, disciplina e coragem para dizer “não” quando o resto da sala bate palma.
Li na Exame que Matt Garman, CEO da AWS, cravou: na era da IA, a habilidade principal não é tecnologia — é pensamento crítico. Assino embaixo e aumento a aposta: sem isso, viramos craques da marreta moral. Fazemos thread bonita, empilhamos “dez lições” e entregamos zero obra. Enquanto a IA toma conta do burocrático e agentes automatizados avançam, só fica relevante quem pergunta o que ninguém pergunta, mede custo e consequência, testa hipóteses e resiste ao hype.
Os três fundamentos que voltam ao centro
Adaptabilidade, criatividade e comunicação. Adaptar não é concordar com tudo; é saber mudar de rota quando a realidade muda. Criar não é “inovar” no PowerPoint; é propor soluções concretas sob restrição. Comunicar não é grito; é escuta, interpretação, negociação e transparência.
No trabalho: troque improviso por protocolo
- Defina o problema em uma frase.
- Liste as três premissas que precisam ser verdade e tente derrubá-las em 10 minutos.
- Faça um pré-mortem de uma página: por que este projeto falharia e o que mitigamos hoje?
- Compare caminhos numa matriz simples — impacto, custo, risco e reversibilidade — e escolha o menor teste que diferencie as opções.
Em casa: simule cenários
E se o orçamento cortasse 50%? E se a demanda dobrasse? Leitura ativa (tese, evidência, contraexemplo) rende mais que maratonar PDFs. Cursos curtos ajudam no vocabulário; a musculatura vem de ciclos curtos: hipótese → experimento → aprendizado → decisão.
Sócrates segue incômodo como sempre: “Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida.”
Versão 2025: vida não examinada vira produto; opinião não examinada vira algoritmo te guiando pelo nariz. Sem pensamento crítico, somos marionetes fofas, indignadas e perfeitamente manipuláveis — úteis para engajar, inúteis para decidir.
O pensamento crítico não é destruição
Não é só martelo que derruba o que é ruim; é trena que mede o que vamos erguer. Se denunciar, proponha. Se expuser, orce. Se derrubar, levante.
Caso contrário, seguiremos dormindo no entulho enquanto a IA, educada, apaga a luz. E aí, quando acordarmos no escuro, descobriremos que fomos exatamente o que o título prometia: pensados por outros e completamente esmagados.
A escolha é simples e urgente: pense ou seja pensado. Construa ou seja desconstruído. Lidere ou seja liderado.
Porque quem não pensa por si mesmo, inevitavelmente será pensado por alguém — ou algo — que tem seus próprios interesses em mente.
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As informações e/ou opiniões contidas neste artigo são de cunho pessoal e de responsabilidade do autor; além disso, não refletem, necessariamente, os posicionamentos do folhaonline.es
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