Guarapari não foi emancipada, mas elevada à categoria de cidade; entenda a correção

Neste ano, Guarapari comemora os 134 anos de sua Elevação à categoria de cidade, marco legal ocorrido em 19 de setembro de 1891. A correção de “emancipação” para “elevação” faz parte de um amplo processo de reabilitação histórica idealizado pelo prefeito Rodrigo Borges e desenvolvido em conjunto pelas secretarias municipais de Educação, Cultura, Turismo, Administração e Comunicação

Com o objetivo de resgatar a verdadeira trajetória da cidade, a Prefeitura criou uma comissão formada por historiadores e gestores municipais para realiza estudos aprofundados sobre os principais registros que marcaram a trajetória da cidade. Integram a comissão os historiadores José Amaral Fernandes Filho, Thiara Bernardo Dutra e a professora de artes Fernanda Silva Geraldo, que vêm conduzindo o trabalho de pesquisa e análise documental.

Na noite de ontem (10), na escola Costa e Silva, ocorreu a apresentação sobre o tema e a mudança de categorias. A correção parte da constatação de que, por muitos anos, a data comemorada localmente estava baseada em uma ideia equivocada de emancipação, processo que, segundo os pesquisadores, nunca ocorreu.

De acordo com o historiador José Amaral Fernandes Filho, o que aconteceu de fato foi a elevação da então “Villa de Guarapary” à categoria de cidade, por meio da lei assinada pelo Barão de Monjardim em 19 de setembro de 1891.

“Durante muitos anos, comemoramos como se Guarapari tivesse passado por um processo de emancipação, mas isso nunca ocorreu. A verdade é que uma lei elevou a antiga vila à categoria de cidade. Este documento é a base legal que sustenta a correção, e por isso, em 2025, celebramos os 134 anos de Elevação da cidade”, afirmou.

Ainda segundo José Amaral, Guarapari possui outros momentos históricos importantes que merecem reconhecimento. “Temos o dia 8 de dezembro de 1585, que marca a fundação da Aldeia de Guarapari, e o 1º de janeiro de 1679, quando a aldeia foi elevada à vila”, completou.

A historiadora Thiara Bernardo Dutra, também membro da comissão, destacou que o trabalho vai além da correção de datas. “Estamos apenas no início de uma caminhada de valorização da nossa história, que certamente vai nos permitir contar com mais clareza e veracidade os fatos que marcaram a ocupação e formação de Guarapari”, declarou.

Já professora de artes Fernanda Silva Geraldo ressaltou a importância de despertar o interesse pela história local desde cedo.

“Mais do que corrigir datas, queremos despertar nas escolas e na comunidade o interesse pela história local. Quando os jovens entendem a trajetória de sua cidade, eles passam a valorizar mais o presente e a sonhar com um futuro ainda melhor. Importante instigar nos jovens em formação cultural e intelectual, o sentimento de pertencimento. Para que valorizem suas raízes históricas”, disse

Além da revisão dos marcos históricos, o secretário municipal de Cultura, Peterson de Castro, anunciou ações concretas para a preservação do patrimônio material de Guarapari. “Nós chegamos com a proposta de resgatar a cultura e história que ficou esquecida durante muitos anos. Já realizamos a prospecção arqueológica das ruínas históricas da cidade, e agora estamos prontos para a próxima fase: o restauro”, explicou.

Próximos passos

O trabalho da comissão continua em andamento, com apoio jurídico e administrativo. O próximo foco será a análise e atualização da data oficial de fundação do município, utilizando registros da Igreja, documentos antigos e fontes oficiais. A meta é consolidar, com base em provas históricas e legais, uma nova narrativa para Guarapari, mais precisa, mais completa e mais conectada com sua verdadeira origem.

*Com informações da Prefeitura de Guarapari