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Guarapari vai sediar maior usina de dessalinização do Brasil em projeto bilionário

O presidente da Cesan, Munir Abud, deu os detalhes da obra que cria uma nova fonte de água e promete acabar com a crise de desabastecimento

Por Natiele Ribeiro dos Santos

Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 16:34

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Munir Abud
Presidente da Cesan, Munir Abud. Fotos: divulgação

Um investimento bilionário promete redefinir o futuro do abastecimento hídrico em Guarapari. Em entrevista exclusiva ao folhaonline.es, o presidente da Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan), Munir Abud, deu detalhes do projeto de construção da maior usina de dessalinização do Brasil e uma das maiores da América Latina. O projeto se encontra na fase de ajustes para se adequar à realidade da companhia, ainda não sem previsão de implantação.

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A ideia da usina nasceu a partir de estudos da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), que indicam que a vazão dos rios do Brasil poderá ser reduzida em até 40% até 2040, um cenário preocupante para o abastecimento hídrico no futuro. Segundo Munir Abud, a dependência quase exclusiva dos rios como fonte de captação de água potável deixou de ser sustentável.

“Há um reconhecimento acadêmico de que a água dos rios, nossa principal matéria-prima, tem data para ser ceifada. Ao mesmo tempo, a vida humana depende diretamente da água potável. Nós não podemos permitir que o crescimento de Guarapari seja comprometido pela falta d’água”, afirmou o presidente da Cesan.

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Diante desse cenário, a Cesan passou a buscar alternativas que permitissem diversificar a matriz hídrica do Espírito Santo, reduzindo a dependência das fontes naturais e incorporando novas tecnologias já consolidadas em outros países.

Experiência internacional e redução de custos

A dessalinização é uma tecnologia amplamente empregada mundo afora, principalmente em países da Europa. Munir Abud explica que, nos últimos anos, houve uma significativa redução nos custos de implantação dessas usinas, tornando o modelo mais viável do ponto de vista econômico.

A Cesan manteve contato com empresas europeias, especialmente da Espanha, referência mundial em dessalinização. Atualmente, o Espírito Santo já possui contratos com duas gigantes do setor: ACCIONA e GS Inima. Essa proximidade facilitou o avanço do projeto.

“O grande obstáculo sempre foi o financeiro, devido ao alto custo inicial. Então identificamos que, por meio de um regime de concessão e considerando o alto prestígio que a Cesan goza hoje, seria possível atrair parceiros privados interessados em aportar recursos, construir as usinas e apostar na Cesan para vender essa água para nós”, explicou o presidente da Cesan, Munir Abud.

Estrutura e capacidade da usina

O projeto foi desenvolvido, sem custos para a Cesan, pela empresa espanhola GS Inima, selecionada por meio de chamamento público. A usina terá capacidade para tratar 1.200 litros de água por segundo.

Usina Dessalinizacao
Projeto de como será a usina

Caso estivesse em operação hoje, a unidade já seria a maior usina de dessalinização do Brasil e da América do Sul. Com a ampliação de outras plantas no continente, como a do Atacama, no Chile, o empreendimento capixaba ainda se manterá entre os maiores da América Latina.

Dessalinização no Brasil e apoio do governo

Atualmente, o Brasil possui poucas usinas de dessalinização de grande porte, como em Fernando de Noronha e na ArcelorMittal, no Espírito Santo. O Ceará também finaliza a construção de uma unidade de grande escala, que será superada pela usina capixaba quando concluída.

O projeto conta com forte apoio do Governo do Estado. Segundo Munir, a iniciativa atende a uma demanda direta do governador Renato Casagrande, dentro de uma política mais ampla de diversificação da matriz hídrica.

“Esse projeto tem o DNA do governador Renato Casagrande e do vice-governador Ricardo Ferraço. É uma política de Estado, pensada de forma estruturante e com visão de futuro”, concluiu o presidente.

Importância econômica e social para Guarapari

Além de garantir estabilidade no fornecimento de água, a usina representa um importante vetor de desenvolvimento para Guarapari. A cidade passará a contar com segurança hídrica permanente, fator decisivo para a atração de investidores, expansão do turismo, crescimento industrial e melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Outro ponto de destaque é o impacto econômico direto no município. A instalação da usina deve gerar empregos, renda e arrecadação tributária, especialmente por meio do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), que ficará em Guarapari.

“A cidade se prepara para fazer jus ao título de cidade saúde. Teremos um cenário onde não haverá crise hídrica, o que nos permite projetar Guarapari como um grande case nacional de sucesso”, ressaltou Munir.

Planejamento de longo prazo

Segundo o presidente da Cesan, a usina de dessalinização é um projeto pensado para o futuro. A construção e implantação de um empreendimento desse porte demandam anos de planejamento, licenciamento e execução.

“Nós não podemos esperar chover para comprar o guarda-chuva. A ideia é garantir que, nas próximas décadas, a população de Guarapari nunca mais sofra com desabastecimento. Estamos falando de investimentos que ultrapassam alguns bilhões de reais, sem um real de aporte público, todos vindos da iniciativa privada”, destacou Munir.

O projeto técnico já foi concluído pela empresa responsável. Agora, a Cesan realiza ajustes para adequar o modelo à realidade da companhia. A previsão é de que a proposta seja submetida à consulta pública no início do próximo ano. Após essa etapa, o processo segue para análise interna, envio ao Tribunal de Contas e, posteriormente, realização do leilão na B3.

Localização e integração ao sistema

Segundo Munir, a usina deve ser instalada em um terreno próximo ao mar, localizado no final do Parque Estadual Paulo César Vinha, fora da área de preservação. A proximidade com o oceano reduz os custos de captação da água. No entanto, tecnicamente, a planta pode ser instalada em áreas mais afastadas, utilizando adutoras para transportar a água até o local de tratamento.

Após o processo de dessalinização, a água será inserida normalmente na rede de distribuição, com padrão de potabilidade equivalente ao da água captada dos rios.

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