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CDP Guarapari: violência por trás das grades

Por Gabriely Santana

Publicado em 3 de agosto de 2015 às 19:31

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Medo. Essa é a palavra que descreve a sensação de mães, pais e esposas com as supostas agressões em que detentos do Centro de Detenção (CDP), em Guarapari, tem se sujeitado. A reportagem do Folha da Cidade foi atrás dos relatos de familiares dos detentos que falaram sobre abuso de poder, violência física e políticas vexatórias usadas por agentes. Além disso, a reportagem conseguiu com exclusividade imagens do que acontece por trás das grades: Olho roxo, marcas e arranhões. Do lado de fora do CDP, uma fachada conservada e pintada que esconde, segundo esposas, mães e pais dos detentos, um centro de horrores que viola os direitos humanos.

4 - CDP Guarapari: violência por trás das grades

Imagens mostram os supostos abusos feitos no dia do “motim”. “Meu marido foi vítima de violência e levou uma joelhada no rosto de um dos agentes. Ele me disse que foi questionado sobre outro detento mas como não soube responder acabou apanhando”, disse a esposa de um detento

“Meu marido foi vítima de violência e levou uma joelhada no rosto de um dos agentes. Ele me disse que foi questionado sobre outro detento mas como não soube responder acabou apanhando”, disse a esposa de um detento que está preso há um mês, acusado de tráfico de drogas.

Já a mãe de outro preso fica aflita com o que o seu filho conta: “Meu filho sempre me diz que aquilo é um inferno. Minha angústia é saber que o que eles (agentes) fazem com nossos filhos, nunca será punido”.

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arranhões, olho roxo e marcas nas costas de um dos detentos.

A irmã de um detento também se manifestou contra os atos que supostamente acontecem lá dentro. “Eles se manifestaram contra uma série de coisas, principalmente contra a violência que acontece sempre. Não temos muito tempo para falar com eles nas visitas. O tempo é muito curto, 20 minutos é muito pouco. A dor e a angústia de ter um entequerido lá dentro, ninguém sabe”.

Por trás das grades. Isso tudo veio à tona depois do dia 20 do mês passado, quando os presos se rebelaram contra uma série de pautas e políticas vexatórias (saiba mais aqui) que supostamente tem acontecido no CDP, tais como: presídio lotado, visita com os familiares – que é de apenas 20 minutos, e também pelo fim do “esculacho” – quando são expostos à humilhação.

Representantes da Comissão de Política Criminal e Penitenciária e dos Direitos Humanos estiveram presentes na instituição prisional naquele dia para averiguar as denúncias recebidas, mas foram impedidos de entrar para conversar com os presos segundo o presidente da Comissão de Política Criminal, Gilvan Vitorino. Por conta disso, o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-ES) também aprovou, na sessão da última quarta-feira (29), uma moção de desagravo contra a direção do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarapari por conta do episódio.

“Nós da OAB repudiamos esta atitude. Nos foi impedido de realizarmos nosso trabalho e principalmente de fiscalizar o cumprimento dos direitos humanos”, disse o presidente da OAB de Guarapari, Jedson Marchesi. Ainda segundo ele, outras instituições como Conselho de Ressocialização, Defensoria Pública e até mesmo o Juiz Marcelo Loureiro, tiveram acesso às celas do CDP um dia depois do ocorrido, direito esse que foi negado à Ordem dos Advogados.

A proibição da entrada dos advogados foi justificada pela direção do Centro de Detenção por questões de segurança. Segundo informações do relatório da OAB, que foi feito dois dias depois do ocorrido, não houve feridos, nem tortura e os presos que foram identificados como organizadores do “motim” foram encaminhados para o “chuveiro” que é um espaço isolado dos demais.

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Por trás das grades: Presos revelam as marcas de algumas das “correções” aplicadas

De acordo com a presidente da Comissão de Direitos Humanos, a conselheira seccional Nara Borgo, que também esteve no CDP de Guarapari, para conter o que a direção chamou de “motim”, foram usadas bombas de efeito moral e o DOT se fez presente na unidade prisional por muitas horas, impedindo também a visita de familiares e de outros advogados. A ordem entende que por se tratar de um motim, foi uma atitude um tanto quanto excessiva. Foram utilizados cães, isso tudo, confirmado pela própria direção do CDP.

Em nota a Sejus informa que representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) não foram impedidos de entrar no Centro de Detenção Provisória de Guarapari. Conforme registro em livro de visitas da unidade prisional, os representantes foram à unidade prisional nos dias 20 e 22 de julho. No dia 20 de junho, os senhores Gilvan Vitorino da Cunha Santos e Nara Borgo Cypriano percorreram toda a unidade prisional, inclusive a carceragem. No mesmo dia, outro representante da OAB-ES, que representa um dos presos do CDPG, também visitou a unidade e conferiu a situação dos detentos.

Já no dia 22, a direção da unidade autorizou a entrada e recebeu novamente o senhor Gilvan Vitorino da Cunha Santos e as advogadas Rovena Furtado Amorim e Thayla Fernandes da Conceição. Nas duas visitas realizadas, os representantes da OAB-ES pediram à direção da unidade para ouvir alguns presos. Os pedidos foram prontamente atendidos. Porém, os representantes da OAB-ES recusaram-se a ouvir os presos pois não concordaram em seguir os procedimentos de segurança da Secretaria que, para resguardar a segurança dos advogados, determinou a presença de um inspetor penitenciário no local.

A Sejus acrescenta que não tolera nenhum tipo de violência nas unidades prisionais do Estado e qualquer caso deve ser denunciado à Corregedoria da Sejus, que investigará com rigor todas as denúncias.

Reportagem Glenda Machado

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