Cinema e terror nas areias da praia

Linguinha The Killer 2 foi o grande sucesso da noite. Foto:Glenda Machado

Quem afirma que não existem produções brasileiras do gênero terror, desconhece o cinema nacional. Para um país com uma cultura tão vasta e diversa, repleta de lendas e sujeita ao sobrenatural, era de se esperar que o terror se desenvolvesse com muito mais força. Infelizmente o gosto dos brasileiros por filmes se limita ao universo das produções “hollywoodianas” desvalorizando o que é nosso, da nossa terra.

Mas não há motivos para desistir. Fãs e produtores de cinema independente, em Guarapari, realizaram nos dias 1 e 2 de maio a 5ª edição do Cine Terror na Praia, em Santa Mônica, um cenário pra lá de bucólico na região norte da cidade. Com uma programação diversificada e produções de artistas do município e também de outros estados, o evento promovido pelo cineasta Rodrigo Aragão e sua equipe Fábulas Negras, não contou com leis de incentivo, nem tão pouco patrocínios do poder público. Foi feito com muita boa vontade e ajuda de amigos.

“Guarapari é uma cidade com muitos artistas e pessoas criativas; mas sofremos pela total cegueira e descaso da administração pública e as autoridades que nos obrigam a fazer tudo de forma independente. Para resolver isto a solução é muito simples, que se comece a respeitar a cultura. Precisamos de políticas públicas na nossa cidade, que apoiem, promovam e divulguem a nossa cultura, de forma competente e honesta.” desabafa Rodrigo Aragão.

O astro Linguinha estava presente na noite da grande estréia do filme. Foto: Glenda Machado

O primeiro dia do evento contou com a apresentação de filmes muito bem produzidos e que mereceram a atenção do público. “Repolho”, “Judas”, e “Sexta-feira da Paixão” foram as grandes atrações, que surpreenderam pela qualidade plástica e histórias bem construídas. Além disso, o festival tinha como trunfo a esperada estreia de Linguinha The Killer 2: O Soco da Morte, produzido por Maurício Junior. O filme que é a continuação da história de um herói, protagonizado por linguinha, um dos personagens mais emblemáticos da nossa cidade, arrancou gargalhadas de crianças e adultos.

Segundo Thiago Ferri, que dirigiu o filme “Depressão” a participação dos amigos também é muito importante nas produções independentes, que contam com pouca verba. Um exemplo disso é o de Margareth Saraiva, que atuou no curta “Revelações de um Cineasta Canibal”. “Eu acho que contribuir com o cenário cultural, é fazer com que as coisas aconteçam e sejam divulgadas. Esse tipo de filme muita gente não gosta, mas no final das contas é tudo uma grande brincadeira”.

Filmes do gênero ganham novas produções

Cine Terror foi sucesso de público na noite deste fim de semana. Foto: Glenda Machado

A programação estava recheada de surpresas em primeira mão. O quarto longa metragem, As Fábulas Negras, teve o seu lançamento no segundo dia do Cine Terror. O filme contou com a colaboração de importantes nomes do cinema de terror brasileiro, como Joel Caetano, Petter Biestorf e o grande mestre José Mojica Marins (Zé do Caixão), cada um deles dirigindo uma história sobre uma lenda ou mito brasileiro. Mas as surpresas não param por aí. Tem mais produção fresquinha. Além do universo fantástico de “Mangue Negro” (2008), “A noite do Chupacabras” (2011) e “Mar Negro” (2013), criado por Rodrigo Aragão, mais um filme completa a trilogia. “Estamos na pré-produção do nosso próximo filme Mata Negra, que encerra um ecossistema, onde há manguezal, montanhas e praias” complementa Aragão. Estamos aguardando…

por Glenda Machado

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