Dia Internacional da Mulher: conheça Kelly Cristina Correia

Neste 8 de março, o folhaonline.es encerra sua homenagem ao Dia Internacional da Mulher destacando mais uma história inspiradora. Na busca por igualdade e reconhecimento, Kelly reafirma a máxima: “lugar de mulher é onde ela quiser”. Com talento e dedicação, ela transforma desafios em conquistas e fortalece o caminho para que outras mulheres possam trilhar os próprios espaços.

Nascida e criada em Guarapari, Kelly Cristina Correia atua em uma área onde a presença feminina ainda é rara: eletricista e bombeira hidráulica. Em um meio predominantemente masculino, a chegada dela a um novo ambiente de trabalho sempre causa reações adversas. “Geralmente, quando eu chego para trabalhar em locais onde as pessoas não me conhecem, os homens ficam me olhando com cara de admiração. Outros, de desconfiança, como se eu não fosse capaz de executar o serviço”.

A descrença inicial de alguns clientes, no entanto, logo dá lugar à surpresa e ao reconhecimento. “Já teve caso de clientes, homens, filmarem para mandar para a esposa, para mostrar que era uma mulher que estava fazendo o serviço”, contou. Apesar das barreiras e da descrença inicial, Kelly se mantém firme e faz questão de demonstrar competência, afinal, a melhor maneira de se provar é na prática.

“Tem locais onde as pessoas, geralmente homens, não me dão muito crédito. Então, eu preciso mostrar para eles que sou capaz, que sou profissional na minha área”.

Kelly conta que basta iniciar o trabalho para que a percepção mude. “Quando eu termino de fazer o meu serviço ou durante a execução, quando eles veem que realmente eu sou profissional, eles ficam admirados e falam que é raro mulheres trabalharem na minha área, que é ‘serviço de homem’”.

Mas além de enfrentar o preconceito por atuar em uma área predominantemente masculina, Kelly também lida com a surpresa das pessoas pela aparência dela. Por trabalhar sempre bem arrumada, ela percebe que muitos clientes não associam sua imagem à de uma eletricista ou bombeira hidráulica. “As pessoas esperam que profissionais como eu tenham que andar de calça jeans, às vezes surrada, com botina”.

Ela lembra de um episódio em que um cliente a analisou dos pés à cabeça, sem acreditar que ela era a profissional contratada. “Ele me olhou debaixo e em cima, só porque eu estava arrumada. Sendo que é assim que eu costumo trabalhar, com tênis limpo, cabelo feito e tudo mais”.

Mas, para além das aparências, Kelly já enfrentou desafios mais difíceis, como o machismo direto. Durante um dos serviços que realizou, precisou lidar com um cliente que insistia em desqualificá-la.

“A todo momento, durante a execução do serviço, ele ficava assim: ‘Ah, mas está errado. Ah, mas isso não está certo, não é assim que faz’. Foi muito constrangedor estar executando o serviço e, a toda hora, um homem do meu lado dizendo que estava errado… sendo que era algo que eu já tinha feito várias vezes”, relembrou.

Em Guarapari, segundo Kelly, quase não há mulheres atuando nesse setor. Essa exclusividade faz com que seu trabalho chame ainda mais atenção. Mas além da surpresa masculina, ela também percebe um certo receio por parte das mulheres. “Muitas têm um pouco de medo de mexer com o que eu mexo”, comentou; e, apesar das dificuldades, Kelly sente orgulho da profissão que escolheu e gostaria de ver mais mulheres ingressando nessa área.

Ela acredita que a presença feminina traz um diferencial. “Assim que eu termino de fazer qualquer um dos meus serviços, eu faço questão de limpar e deixar tudo organizado e isso é um referencial feminino”. A trajetória da Kelly prova que não há profissão que uma mulher não possa exercer e que talento e determinação são mais fortes do que qualquer estereótipo.

Texto: Natiele Ribeiro