Entrevista: Primeira mulher a presidir a OAB/ES, Érica Neves fala sobre desafios e propostas para a gestão

Érica Neves se tornou a primeira mulher a presidir a Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB/ES). Com uma trajetória de 25 anos na advocacia, ela assume o desafio de fortalecer a classe e renovar a imagem da entidade, buscando uma atuação mais próxima e estratégica junto a outros órgãos.

Pouco antes da posse da nova diretoria da 4ª Subseção da OAB/ES, em Guarapari, Érica concedeu entrevista ao folhaonline.es, compartilhando suas expectativas para a gestão, os desafios que pretende enfrentar e os projetos para garantir um exercício pleno da advocacia, sempre em defesa da democracia. Além disso, destacou o papel fundamental da Subseção de Guarapari no fortalecimento da instituição.

Confira os principais trechos da entrevista:

folhaonline.es: Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória. Como a Érica chegou à presidência da OAB/ES?

Érica Neves: Eu sou advogada há 25 anos, formada na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), tenho algumas pós-graduações e participei da OAB de 2016 a 2018 como secretária-geral adjunta, onde conheci o sistema da Ordem. Desde então, eu venho trabalhando para construir alguns propósitos que eu vi que eram possíveis de serem construídos e realmente mudar a ‘cara’ da instituição, do relacionamento com a advocacia, acho que estávamos em um modelo que não era mais adequado.

folhaonline.es: O que a levou a participar do pleito e quais suas expectativas para essa gestão?

Precisamos de uma advocacia mais participante e que se sinta pertencente à Ordem. Eu via que, a cada dia que passava, a advocacia tinha menos empatia com a própria OAB, e isso enfraquece a instituição. Ao mesmo tempo, a Ordem também não tinha um bom relacionamento com outras instituições e estava se afastando completamente da sociedade.

A Ordem precisa ter essa grandeza para ser compatível com a importância da profissão, pois quando a OAB é fraca e está envidada em esforços que não sejam para a advocacia e para sociedade e sim de outros interesses, ela perde valor, e a advocacia também é penalizada.

Agora, a advocacia do Espírito Santo me deu um voto de confiança para exercermos esse trabalho e resgatarmos esse respeito institucional, uma defesa plena da sociedade, da independência e das nossas prerrogativas. São os três pilares que eu mais quero melhorar.

folhaonline.es: Quais propostas e trabalhos vocês pretendem implantar à frente da Ordem?

Nós vamos resgatar o respeito institucional, nosso grupo tem feito isso desde que foi eleito, e estamos tendo êxito. Já temos um relacionamento muito melhor com o Tribunal, com o TRT, um relacionamento ético, ordeiro, respeitoso e, ao mesmo tempo, firme em nossas posições, e isso reflete na advocacia, que está mais confiante e esperançosa. Nós temos também alguns projetos muito pontuais, que são as sedes, inclusive a de Guarapari, que é um projeto muito importante que temos para os próximos três anos e, se Deus quiser, tudo vai dar certo.

folhaonline.es: Como você avalia o trabalho da OAB Guarapari no contexto estadual?

Guarapari é uma Subseção muito importante, muito forte, sempre foi. Aqui, nós temos uma formação de lideranças muito expressiva também, e nos traz muita segurança de dizer que nós vamos avançar muito nesses próximos três anos, porque nós temos um compromisso com advocacia de Guarapari, que escolheu Érica Neves.

O resultado das urnas me deixa muito tranquila de falar que a Guarapari soube que a gente precisava de um novo tempo, de um novo olhar para a Ordem.

Também fico muito feliz de poder empossar a Mônica (Goulart), que foi a escolha advocacia da 4ª Subseção. Eu sempre falei em meus discursos e ratifico a todo momento que a Ordem tem que respeitar a democracia, tanto local quanto estadual, e Guarapari é um exemplo disso.