Falta de remédios ainda é um problema na rede municipal de saúde de Guarapari

Uma aposentada de 79 anos repetiu nesta terça-feira (14) o ritual que já faz há alguns anos. Pegou a lista dos remédios que precisa tomar e foi ao Centro Municipal de Saúde de Guarapari para tentar conseguir riscar algum nome da lista, mas assim como o ritual quase semanal, a resposta também foi a mesma. Dos oito remédios de uso controlado e contínuo, ela só conseguiu um.

A aposentada, que sobrevive com a pensão de um salário mínimo, foi para a segunda parte do ritual, que é procurar, nas farmácias da cidade, os preços mais baixos para comprar parte da medicação, que por Lei, deveria ter conseguido de graça. A idosa comprou uma parte dos remédios e o que faltou, vai ficar para o próximo mês. Assim ela vai revezando na esperança de que em algum momento o Estado cumpra com o seu dever com o cidadão, que é o de garantir o acesso à saúde de forma gratuita.

O problema da falta de remédios ainda é um problema na rede pública de saúde.

O problema da falta de remédios já ocorre há mais de um ano nos dispensários do município e, começando o sexto mês da atual administração, ainda não foi resolvido. A primeira secretária de saúde foi exonerada, em partes por causa da continuidade do problema, mas o fato continua. O que resta à aposentada é escolher quais remédios comprar este mês.

Apenas alguns minutos na frente do Centro Municipal de Saúde é necessário para encontrar com moradores da cidade, na maioria idosos, saindo com a receita na mão e mais nada. Nada de remédios. Na última semana, na Unidade de Saúde Arnaldo Magalhães, nem mesmo o teste que deveria ser feito na hora, para medir o nível de glicose no sangue do paciente diabético, estava sendo realizado, pois faltava a lâmina onde o sangue é colhido para se fazer a medição.  Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), o cenário não é diferente do já mostrado em outras reportagens aqui no folhaonline.es. Falta de remédios básicos, como dipirona para controlar a dor dos pacientes que lá chegam, é uma constante. Melhorou, de acordo com alguns, mas ainda é um problema.

Perdido no mar de burocracia e atrasos e desculpas, o paciente de baixa renda, aquele que mais precisa dos serviços públicos de saúde, vai tentado se virar para conseguir sobreviver mais um mês, na esperança de que no próximo as coisas melhorem.

A prefeitura e a licitação dos remédios

A reportagem do folhaonline.es procurou novamente a prefeitura de Guarapari para buscar informações sobre os motivos da demora na resolução do problema da falta de medicação nos dispensários e na UPA do município.

As perspectivas são boas. De acordo com a Secretaria de Comunicação de Guarapari, o processo licitatório para compra dos remédios foi finalizado nesta quarta-feira (14). Confira o que disse a secretaria sobre o caso.

“Referente ao processo licitatório dos medicamentos o processo foi finalizado nesta quarta-feira, 14. O município aguarda a apresentação da documentação da empresa vencedora do certame para homologação do resultado e assinatura do contrato, para iniciar a entrega dos medicamentos nas próximas semanas”.