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Antônio Ribeiro escreve para o folhaonline.es aos domingos e, a cada semana, o colunista relaciona Guarapari ao tema do momento. 

Artigo: criação de lagostas em cativeiro – um negócio ecológico e de futuro

Por Antônio Ribeiro

Publicado em 15 de maio de 2022 às 09:00
Atualizado em 16 de maio de 2022 às 16:47

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Fotos: Afonso Jorio.

Almoçando no bucólico e original Moqueca do Pescador que está literalmente em cima d’agua e permite degustar o entra e sai dos barcos de pesca no canal, vi que alguns deles paravam num píer ao lado e deixavam uma pequena caixa. Curioso perguntei ao dono do restaurante, Hélvio, que me disse serem lagostas.

Imaginei aquelas grandes de cor alaranjada e com bigodes longos, tão apreciadas nos restaurantes finos. Mais ainda porque soube pela ex-secretária do Meio Ambiente e Pesca, Cristina Barros, que iam todas vivas para o oriente asiático, o que me deixou ainda mais curioso. Isso em Guarapari.

Procurei o dono da empresa Mar a Mar, que por ser época do defeso, não estava atuando aqui, e sim na Bahia. Fiquei de procurá-lo quando não tem defeso e a pesca volta a ser permitida. Foi o que fiz e o encontrei ao lado de tanques de lagostas, que afinal não pareciam lagostas das peixarias.

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Para minha surpresa, todas as lagostas nos tanques eram pequenas, escuras e sem aquelas longas e espinhudas antenas, tirando um pouco do meu encanto imaginário. Perguntei a diferença e fiquei sabendo que esta espécie, Scyllarides brasiliensis é muito apreciada na culinária asiática.

Solícito e gentil o proprietário que se apresentou como Afonso e que vim a saber pela licença ambiental, ser Domingos Afonso Jório, filho de quem dá o nome a rua da antiga delegacia e agora do Museu de Utilidades Domésticas, mostrou-me todo o processo, acompanhado pelo filho, que hoje é quem cuida da empresa.

Foi-me explicado que as lagostas fazem uma viagem aérea de cerca de cinquenta horas até o destino, chegando vivas por lá e assim comercializadas em restaurantes de classe alta, onde o cliente pode se dar ao luxo de escolher qual a que quer no seu prato. Não obstante ser novo neste meio, outra surpresa me aguardava.

Ao passar os muitos tanques com água tratada, refrigerada e outros segredos, num ambiente que antecede o processo de embalagem para exportação, um deles chamou minha atenção por ser menor e ter vários compartimentos, menores ainda.

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Novamente minha curiosidade falou mais alto e aí fiquei sabendo ser parte de um projeto em desenvolvimento, de um criadouro de lagostas em cativeiro. Segundo os proprietários, a Mar a Mar já fechou o ciclo de reprodução das lagostas tradicionais.

Acontece que uma lagosta, dependendo do seu tamanho, pode apresentar de 200 a 700 mil ovos e que a taxa de sobrevivência delas no mar é absurdamente pequena, as vezes só um. Mostrou-me fotos e filmes de todo o ciclo, desde os milhares de ovos.

Na natureza a desova planctônica, serve de alimento natural para várias espécies maiores, que os consomem em quantidade, fazendo com que a taxa de sobrevivência seja absurdamente pequena. A ideia é simples: isolar os náuplios, larvas destes predadores.

Em cativeiro, a taxa de sobrevivência é aumentada, um número maior se desenvolve e em um ano chegam ao tamanho de um centímetro, iniciando aí a fase de crescimento, até atingir a fase adulta, depois de cerca de três anos, então aptas ao consumo.

Tudo isso acompanhado por uma bióloga e um veterinário, que me pareceu extremamente interessante. Quando falei de vender ou consumir estas criadas em cativeiro, a surpresa maior.

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Não são para isso e sim o repovoamento, pela soltura delas quando atinjam cinco cm de comprimento.

A ideia me pareceu ecológica, renovável e comprometida com a preservação da espécie. Quis saber então porque ainda não estava em prática, com produção em larga escala e fiquei sabendo que o ciclo de crescimento da lagosta leva cerca de três anos. Experimentalmente já obtiveram sucesso.

Isso tudo tem um custo e não há retorno financeiro, já que tirar as lagostas adultas no mar não custa nada. Entendi. Que fazer então? Segundo os proprietários, encontrar um organismo como Bandes, Sebrae ou grande empresa como a Samarco por exemplo, que financiem tal projeto.

Buscava uma alternativa de incrementar o turismo e encontrei uma proposta séria de deixar a biodiversidade marinha da costa capixaba, ainda mais preservada, fazendo do Espírito Santo, modelo de preservação e projeção para um futuro garantido e sustentável. Parabéns Mar a Mar!

Dá gosto morar num lugar assim, onde a preocupação com o futuro está em primeiro lugar!

(*) Antônio Ribeiro é administrador de empresas pelo Mackenzie, especialista em Marketing pela PUC e Master Business Administration pela FGV. Autor de 47 livros já publicados.

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As informações e/ou opiniões contidas neste artigo são de cunho pessoal e de responsabilidade do autor; além disso, não refletem, necessariamente, os posicionamentos do folhaonline.es

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