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Coluna Marcelo Moryan: A bajulação pode ser seu Titanic
Por Marcelo Moryan
Publicado em 13 de julho de 2025 às 18:00
Atualizado em 13 de julho de 2025 às 18:00
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Desperte. Vivemos anestesiados, presos numa bolha – buscamos apenas quem nos aplauda e reafirme o que já pensamos – um caminho fácil, viciante, mas perigoso. Enquanto se submerge num oceano de “sim”, a verdade – aquela que incomoda, que incita o pensar – esvai-se. E os bajuladores são a essência desse veneno.
Quer evoluir de verdade, distinguir-se? Tenha a coragem de ouvir quem o irrita. Cerque-se de quem não o bajule, que não valide qualquer trivialidade. Aqueles que, com inteligência, oferecem um “e se?” provocador. Se não há quem lhe diga isso, lamento, a bajulação já o obscureceu.
Considere líderes e políticos – quantas decisões errôneas seriam evitadas se tivessem quem expressasse a verdade, em vez de apenas adular? A história abunda em indivíduos e empresas que sucumbiram à bajulação. Um “não” oportuno vale mais que mil assentimentos complacentes. A ausência de divergência na liderança é um chamado à queda. E em sua empresa, em seu lar, não seria o mesmo? Os bajuladores o conduzem à ruína.
Eis o exemplo do Titanic. Inovação e grandiosidade, alardeado como inafundável. Mas a arrogância e a recusa em considerar alertas – sobre a velocidade excessiva, a falta de botes salva-vidas suficientes, os avisos de gelo – selaram seu destino. A verdade, que os engenheiros e a natureza sussurravam, foi abafada pela autoconfiança e pela bajulação do progresso. O resultado foi uma tragédia evitável. Sua história é um lembrete brutal: a verdade, mesmo desconfortável, é a única que pode evitar o naufrágio. Está disposto a ouvi-la?
Nos relacionamentos, a dissimulação é ainda mais comum. É mais fácil evitar conflitos, tolerar o desagradável, manter uma “paz” que não é genuína. Mas a honestidade, mesmo que doa (com tato, claro), é a base para qualquer vínculo significativo. Aquele amigo que o confronta, aquele parente que lhe expõe a realidade: esses demonstram cuidado autêntico. A sinceridade que fortalece é rara, por isso, valiosa. Os bajuladores apenas iludem.
Num mundo de desinformação, discernir a verdade não é apenas crucial, é questão de sobrevivência. Isso se aprende ouvindo perspectivas diversas, não só o que seu algoritmo lhe impõe. Precisa-se de quem não tema ser o “advogado do diabo”, que o instigue a refletir, a buscar fatos, a romper sua bolha. Pois se aceita apenas o que lhe é dado, então, vive uma ilusão. A responsabilidade é sua, e dos bajuladores que o cercam.
Ter coragem não é só proferir a verdade. É ter a resiliência para ouvi-la, e aceitá-la, mesmo quando o confronta. É uma força que o eleva da mediocridade. Desafie-se. Escute as vozes dissonantes e inteligentes ao seu redor – elas podem ser a bússola cuja necessidade desconhecia… Ou o espelho que teme encarar, por causa dos bajuladores.
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As informações e/ou opiniões contidas neste artigo são de cunho pessoal e de responsabilidade do autor; além disso, não refletem, necessariamente, os posicionamentos do folhaonline.es
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