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Espaço dedicado ao acolhimento de mulheres vítimas de violência é aberto em Guarapari

Por Aline Couto

Publicado em 9 de março de 2022 às 15:58

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EcoPaz8 - Espaço dedicado ao acolhimento de mulheres vítimas de violência é aberto em Guarapari
Fotos: Folha Online.

Inaugurado ontem (08), em Guarapari, o EcoPaz, Espaço de Convivência Paz e Bem, receberá mulheres vítimas da violência psicológica e física ofertando acolhimento emocional e afetivo através do atendimento psicológico e terapêutico.

“Está havendo um aumento da violência doméstica contra as mulheres e a gente sabe que atendimento na rede pública é mais difícil, a demanda é muito grande para poucos profissionais para atender e ouvir essa mulher. Esse espaço pretende preencher essa lacuna com acolhimento, escuta ativa, rodas de conversa e vídeos instrutivos. O EcoPaz visa isso, receber e ouvir essa mulher para que ela possa sair daqui melhor do que chegou”, descreveu a presidente do espaço, Dinalva Dornellas.

Presente na inauguração, Ednéia Conceição de Oliveira, atual Gerente de Política de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Estado, conta que prestigiou a abertura do espaço também pela trajetória do Conselho da Mulher durante seis anos em Guarapari.

“Essa inauguração é de grande importância para a mulher preta. Os grandes índices de violência de gênero são contra essas mulheres, que em maioria são pobres e não tem acesso a uma ajuda psicológica ou ações neste sentido. Esse espaço irá proporcionar esse acesso aos serviços que elas precisam após sofrerem agressões, e que não podem pagar. Uma oferta de acolhimento a essas mulheres pretas”.

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Ednéia Conceição de Oliveira.

Há 10 anos como titular da Delegacia Da Mulher de Guarapari, Francini Moreschi, fala sobre a importância da sociedade no combate a violência doméstica.

“As pessoas precisam entender que a violência doméstica não é uma problema apenas do Estado, é da sociedade também. Um vizinho, um parente, um líder religioso, pode fomentar a denúncia contra essas agressões. A violência domestica é combatida muita mais na prevenção. A própria polícia tem mudado, está uma polícia restaurativa. Não agindo apenas com repressão”.

A delegada também falou sobre o programa “Homem que é Homem”, implantando em alguns municípios capixabas, inclusive Guarapari, para a desconstrução da cultura do machismo e do patriarcado em prol da valorização da família.

“A conclusão que se chegou é que a violência doméstica não adianta combater só com repressão, você aplica a Lei e coloca uma pena, muitas vezes segrega a liberdade. Só que esse sujeito sai da cadeia e continua cometendo o delito, porque não se trabalha com ele a valorização da família e a desconstrução da cultura do machismo. Começou-se a estudar que grupos reflexivos e rodas de conversas davam resultados, porque a maioria dessas violências era enraizada por conta desta cultura. Era preciso conversar com esses homens porque muitas vezes eles não conseguiam se conscientizar que estavam praticando uma violência”.

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Francini Moreschi.

Segundo a delegada, foi a partir desta constatação que se iniciou o projeto “Homem que é Homem”, há quase seis anos no Estado.

“Vários municípios tiveram resultados benéficos, 97% dos homens que participaram do projeto saíram reinseridos na sociedade para ter uma relação harmoniosa e não se envolveram mais em relação de violência. Em Guarapari, o projeto foi implantado há três anos, mais acabou ficando suspenso por dois anos devido à pandemia. Porém, no início de abril, vamos retornar com um bate papo que vou fazer de orientação e esclarecimento. Muitos acham que a Lei Maria da Penha é um instrumento de vingança da mulher, o que na verdade é uma Lei com a quinta melhor legislação do mundo que trata sobre o assunto. Uma Lei por demais eficiente, no entanto, deve ser bem aplicada. Então explicamos para o homem o que deve e não deve ser feito e como a medida protetiva funciona. Depois haverá outros encontros temáticos destinados à questão do machismo, patriarcado e valorização da família. Ali eles têm oportunidade de falar e se expressar. São nesses grupos reflexivos que eles trocam experiências e falam a versão deles. Tudo o que mais queremos é romper esse ciclo de violência, para que a mulher viva bem, em harmonia. O resultado é muito bacana”, relatou.

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Alba Sampaio à frente com o lenço.

Sobre a finalidade do EcoPaz, a psicóloga, Alba Sampaio, vice-presidente do espaço, disse que sempre foi um desejo pessoal, antes mesmo da profissão, o acolhimento ao outro.

“O crescente número de mulheres sofrendo violência doméstica e o aumento do feminicídio me tocou bastante e a um grupo de mulheres, e resolvemos então abrir esse espaço de paz e bem pela cultura da paz e pelo acolhimento a dor dessas mulheres. Enquanto psicóloga, é uma porta enorme que se abre ter um local em que as mulheres possam falar das dores. Há um encharcamento muito grande da Secretaria de Saúde, um número reduzido de psicólogos, então essas mulheres vão ter esse apoio psicológico, além de emocional, que serão dados por pessoas qualificadas. Terão uma escuta especializada, e será construída uma relação de ajuda. Vamos também promover cursos entre nós para melhor acolher essas mulheres”.

Atendimento

O atendimento do espaço é direcionado há qualquer mulher acima de 18 anos que precisar de um acolhimento.

“Certamente nossa demanda virá dos equipamentos de assistência social e da saúde do município, como o Cras, o Creas, a Delegacia da Mulher, o Conselho da Mulher, os coletivos de mulheres. E nós iremos visitar esses locais para fazer valer”, explicou a psicóloga.

Parceria

“Vamos tentar uma parceria com o “Papo de Homem”, grupo de homens que desde 2011 se reúnem para falar sobre masculinidade e o quanto o homem precisa rever essa questão do machismo, da masculinidade tóxica. Nosso desejo é que eles tenham um grupo aqui no espaço de convivência”, contou Alba.

Contato: www.papodehomem.com.br

Serviço:

Local: Rua: Horácio Santana, 434 – 2º andar
Parque Areia Preta
Dias: Segunda-feira à sexta-feira
Horário: das 14h às 18h
Contato: [email protected]

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