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Coluna Marcelo Moryan: A Vulnerabilidade do Afeto: Nossa Maior Coragem
Por Marcelo Moryan
Publicado em 1 de junho de 2025 às 09:00
Atualizado em 1 de junho de 2025 às 09:00
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Há anos, fotografei um momento que mudaria vidas: um homem em situação de rua abraçando seu cachorro. Aquela imagem, publicada num jornal de Natal, reconectou uma filha ao pai perdido. Mas além desse milagre, algo mais profundo ficou em minha memória: a pura vulnerabilidade daquele afeto.
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O afeto é nossa vulnerabilidade mais profunda e corajosa. Quando permitimos que o amor entre em nossas vidas, estamos essencialmente dizendo: “Aqui está meu coração desprotegido. Ele pode ser ferido.” Aquele homem, ao amar seu cachorro, expôs-se a inúmeros riscos emocionais: a dor de não poder oferecer o melhor, o medo da perda, o sofrimento antecipado. Mesmo assim, escolheu amar completamente.
A vulnerabilidade está no centro de todo afeto genuíno. Quando amamos, abrimos mão do controle. Entregamos parte de nossa felicidade às mãos (ou patas) de outro ser. Isso é aterrorizante e, paradoxalmente, libertador.
Nossa cultura celebra a autossuficiência, especialmente entre homens. Construímos carreiras, acumulamos posses e desenvolvemos uma linguagem de racionalidade que nos protege da exposição emocional. Mas essa proteção tem um preço altíssimo: a incapacidade de experimentar a profundidade da conexão humana.
O que torna aquela cena tão comovente é justamente essa rendição. Sem nada material para oferecer, ele oferece tudo – sua presença completa, seu afeto incondicional, sua disponibilidade emocional.
Talvez por isso reservamos nossa ternura mais pura para animais. Com eles, não tememos julgamentos. Podemos ser vulneráveis sem medo.
O verdadeiro desafio está em trazer essa mesma vulnerabilidade para nossas relações humanas. Em dizer “eu preciso de você”, “estou com medo”, “não sei o que fazer”. Em chorar sem vergonha. Em pedir ajuda. Em abraçar como se nossa vida dependesse disso – porque, em muitos sentidos, depende.
O afeto não é apenas uma vulnerabilidade. É a vulnerabilidade que nos salva da solidão e nos lembra que, no final, somos todos como aquele homem na rua – necessitados de conexão, de calor, de uma cumplicidade que transcende circunstâncias.
Ei, leitor… sinta-se abraçado. Com o coração completamente aberto.
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As informações e/ou opiniões contidas neste artigo são de cunho pessoal e de responsabilidade do autor; além disso, não refletem, necessariamente, os posicionamentos do folhaonline.es
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